A BUSCA PELA INCLUSÃO DO JOVEM PORTADOR DE TDAH NAS ESCOLAS
SOCIEDADE
A concepção da sociedade até os anos 70, que ainda podemos considerar recente na trajetória histórica, revela que a maneira de abordar e tratar do TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) foi mudada. A sociedade moralista tratava o portador do TDAH como se fosse uma ferida, que o coloca em desvantagem, ou seja, a condição não isonômica e excludente, era notória. Os portadores do transtorno eram pessoas ignoradas pela sociedade, que sempre foram alvo de marginalização e preconceito; consequência do trio de base alterada (alteração da atenção, impulsividade e da velocidade de atividade física e mental) que e característico do déficit.
Atualmente aqueles diagnosticados ou não com o transtorno ainda tem dificuldade de viver uma vida social integrada e sofrem diversos tipos de preconceito. Porém, iniciativas de informar a sociedade e conscientizar os familiares daqueles que possuem esse transtorno visam diminuir os impactos na vida dos portadores do TDAH.
O avanço dos estudos farmacológicos aliados aos tratamentos psicológicos e psiquiátricos tem aumentado possibilidades de inclusão das pessoas que sofrem desse transtorno e tem feito a sociedade a se adaptar e conviver com as diferenças. Uma sociedade mais justa e igualitária é o ideal para inclusão de pessoas portadoras do TDAH, mas, “sem políticas públicas e a compreensão de educadores, cidadãos e familiares o portador do TDAH pode tornar uma vítima social”.
ESTADO
Apesar das dificuldades no reconhecimento igualitário da sociedade atual, é notório encontrarmos grupos que ainda lutam por direitos de cidadania. Sobre esse aspecto o Estatuto da Juventude ( Lei nº 12.852 de 5 de agosto de 2013) garante “políticas de educação e trabalho, incluindo estímulos à sua reinserção social e laboral, bem como criando e estimulando oportunidades de estudo e trabalho que favoreçam o cumprimento do regime semiaberto.” Bem como no Art. 7º §4º É assegurada aos jovens com deficiência a inclusão no ensino regular em todos os níveis e modalidades educacionais, incluindo o atendimento educacional especializado, observada a acessibilidade a edificações, transportes, espaços, mobiliários, equipamentos, sistemas e meios de comunicação e assegurados os recursos de tecnologia assistiva e adaptações necessárias a cada pessoa. O estatuto garante que, aos jovens serão dispostas diretrizes e políticas públicas, que os possibilitem à educação, pois, não sendo criadas políticas públicas o jovem estará excluído da função social/educacional. Reafirmando o conceito de cidadania como expressão máxima de tudo aquilo que se refere a direito, infere-se o Art. 5°da Constituição Federativa do Brasil que assegura a todos indivíduos o direito à igualdade, à liberdade, a segurança, a vida e a propriedade.
POLÍTICAS PÚBLICAS
Ao redor do mundo, existem legislações especificas que apoiam e diagnosticam jovens e crianças com TDAH. O Brasil tem avançado (e muito) nesse quesito, vide o projeto de lei do que foi apresentado pelo ex-Senador Gerson Camata, que falava sobre como o poder publico tem que diagnosticar e apoiar o jovem e as crianças com déficit de atenção e Dislexia, que são transtornos específicos de aprendizagem.
Belo Horizonte vai à contra mão do resto do pais, já que não há nenhuma politica publica na capital mineira, demonstrando falhas do nosso sistema educacional, onde o aluno tem que se adaptar a (crase) escola e não o contrario. Os educadores também precisam ser mais bem preparados, para que estejam prontos para qualquer aluno, ajudando a adaptação deste, aumentando assim, suas chances de sucesso acadêmico.
JUVENTUDE
O jovem do século XXI ´´e cobrado de maneira excessiva, e isso já começa na infância, na própria escola. já que o nosso sistema educacional não de adapta ao aluno,o que dificulta ainda mais a inclusão do mesmo no grupo.O reflexo disto e uma juventude que não sabe seu lugar no mundo e acaba completamente deslocado, excluído e sem um objetivo devida.
EDUCAÇÃO / PROFESSORES
Crianças com TDAH tem grandes dificuldades de ajustamento diante das demandas da escola.É de extrema importância que os alunos com o déficit sejam motivados a socializar no meio escola,porém a tendência de pais, professores e diretores das escolas é intender o comportamento desses jovens como desobedientes e desinteressadas e insistirem a valorizar os alunos mais aplicados e bem sucedidos.
O professor tem um papel essencial para o primeiro diagnóstico do portador de TDAH,por isso o profissional da educação tem que estar instruído e capacitado para lhe dar com diversos problemas no qual o TDAH enfrenta diariamente.
TDAH
O TDAH é um transtorno, um distúrbio neuropsiquiátrico que envolve tratamento e medicamentos associados a intervenções fonoaudiologicas, psicopedagogias e psicológicas. O mesmo, inclusive pode ser herdado geneticamente.
No núcleo familiar, nas escolas e na sociedade são abordados os valores que se referem às diferenças, à inclusão e ao respeito pelo próximo, ou seja, diferenças encontradas nas pessoas não devem ser discriminadas ou julgadas. É preciso orientarmo-nos para saber como encarar e incluir cada vez mais jovens que tenham diferenças em nosso meio.
O jovem com TDAH deve ser acolhido em um ambiente de apoio amor e amizade, que permita e ajude o portador a expressar seus sentimentos.
VEJA TAMBÉM:
TDAH_UMA CONVERSA COM EDUCADORES.pdf (6571067)
ENTREVISTA COM A PSICÓLOGA MARLETHE FERREIRA DA SILA CRP: 04/36794
Psicóloga especializada em TDAH
P.: Marlethe, você como psicóloga especializada em TDAH, defende qual das correntes sobre o déficit: a que o transtorno tem fundo genético ou que a que o transtorno é causado por conta de um comportamento específico?
R.: A primeira. Porque o déficit acontece por conta da “causa orgânica”do cérebro, há uma pequena deficiência (falha) do amadurecimento do cérebro, é impossível que o déficit ocorra apenas por conta do meio social.
P.: Mas o meio social tem alguma influência sobre o déficit?
R.: Totalmente, a socialização é primordial para qualquer pessoa. A socialização é o que torna o ser humano um humano, existem diversos casos onde pessoas foram encontradas vivendo com animais em florestas. A socialização da criança com déficit tem que ser ainda mais cuidadosa, num ambiente com cuidado, atenção, carinho... Porque sem esses elementos, o déficit pode se agravar ainda mais.
P.: Qual a importância dos pais dentro desse “meio social”?
R.: Total. Desde quando a criança é apenas um bebê, tudo é importante, até o colo, o leite materno, tudo. Fala sobre a importância dos pais nos primeiros anos da criança, chamando de “fase oral” e “fase anal”. Se a criança não se desenvolver bem nessas duas fases, pode ter seus problemas agravados, inclusive o déficit de atenção.
P.: Qual a idade ideal para diagnóstico do TDAH?
R.: Na 2° infância, entre os 9 e os 12 anos de idade. No mínimo. Antes dessa idade qualquer diagnóstico é precipitado.
P.: Como é dado o diagnóstico?
R.: Avaliar a atenção, a hiperatividade e a impulsividade, em três ambientes sociais da criança: o familiar, o escolar e em outro que ela frequente, através de exames auditivos, visuais e sensitivos, para perceber se a maturação do cérebro está normal. Porque às vezes a criança é desatenta em um ambiente e em outro é completamente atenta, mesma coisa para a hiperatividade e impulsividade, e nestes casos, a criança não pode ser diagnosticada com o déficit.
P.: E sobre o preconceito que as crianças com déficit sofrem?
R.: É um fato muito comum. Muitas vezes os pais da criança com déficit de hiperatividade ouvem “essa criança não para quieta”, e acabam tendo que medicar a criança, sendo que ainda é cedo para se dar qualquer medicamento.
P.: A educação pública está preparada para os jovens com TDAH?
R.: Não! É um sistema completamente ineficiente e despreparado, deixa muito a desejar.
P.: Por quê?
R.: Porque a escola pública não segue a filosofia de que o aluno deve se adaptar à escola, e não o contrário. O governo até tentou contornar essa situação criando a “escola especial”, mas isso não ajudou muito, já que essas escolas seguem a mesma filosofia das escolas ditas “normais”. O governo precisar: “pra quê educar?”, precisa de um objetivo. Mas os pais também tem sua parcela de culpa...
P.: Os pais?
R.: Sim! Quando a criança não tem uma boa educação “de berço” e não é incentivada a aprender, fica com ainda mais dificuldade de aprendizado; logo, o papel dos pais é tão ou mais importante que o dos professores. Na verdade, ao mesmo tempo em que todos têm culpa, ninguém tem culpa.
P.: Voltando aos professores, você acha que eles são mal preparados?
R.: Não acho que sejam mal preparados. Os professores sabem lidar com a situação, mas ficam presos aos planos de ensino, às regras, à metodologia extrema que lhes é cobrada, enfim, o que acaba fazendo com que o trabalho deles seja muito prejudicado.
P.: Qual política pública você usaria para incluir o jovem com déficit na escola? O que você sugeriria?
R.: Minha sugestão seria valer a política da educação inclusiva, porque a grande queixa dos professores é a falta desta, é necessária uma educação “humanizada”. Acabaria com a escola dita “especial”, que exclui as crianças e jovens que não são consideradas “normais”. O sistema educacional tem que se adequar às necessidades da criança, e não o contrário. A escola está focada na disciplina, nas regras, ela não está preparada para o mundo de hoje. E não só a escola, como também a sociedade ainda exclui tudo que é considerado diferente, tem que haver uma mudança de mentalidade.
P.: Qual metodologia de ensino você considera a ideal para o jovem com TDAH?
R.: O primeiro passo é descobrir o que interessa esse jovem e focar nisso. O método convencional não funciona, é falho. Exemplo: se um jovem em especial gosta de esportes, o professor pode usar isso como um estímulo, um “gatilho” para o aprendizado, porque se é isso que prende a atenção do aluno, é isso que vai ajudar o professor.
P.: Qual recado você mandaria para o jovem com TDAH que quer ser incluído na escola e na sociedade?
R.: Que ele tem que lutar pelos seus direitos, por uma metodologia de ensino diferenciada, que se adapte às suas necessidades. Os disléxicos, por exemplo, lutaram por seus direitos, e hoje podem fazer uma prova diferenciada, saindo do padrão da prova escrita, que apenas os prejudica.
P.: Obrigado pelo seu tempo, Marlethe, falo em nome do grupo quando digo que você acrescentou bastante conteúdo à nossa pesquisa.
R.: Por nada! Eu gosto de falar, também (risos), eu é que agradeço!